Desde há muito, no âmbito da caserna, escutamos a expressão “corredor” referindo-se não como uma ponte onde ligam-se lugares distintos, mas sim, com a conotação de um locus de esquecimento, ostracismo, desmoralização (até) e incompetência. Desconheço, diga-se de logo, a gênese deste logismo, com o significado que foi empregado pelos Policiais Militares, porém entendo que “estar no corredor” é estar em lugar nenhum, diz respeito a não ter poder, importância, voz ou vez.
Diante desta exposição propedêutica e analisando a questão a partir de uma ótica técnica e científica, alocar alguém em um setor/órgão que não propicie ou enseje deste trabalho, dedicação e, por fim, resultados é contrariar a lógica do emprego eficiente de recursos, sendo também, indiretamente, uma maneira de furtar da sociedade a produtividade institucional que ela espera esteja em alta e atendendo suas necessidades. Corroborando as afirmativas apresentadas, evocamos as lições de SOUZA e REIS (p. 35) para os quais “é obrigação do Estado prestar contas aos cidadãos sobre o desempenho de seus funcionários (…)”. Nesta senda, o “corredor” se mostra lugar real no qual desprestigiando-se profissionais que, pagos com os recursos públicos, não apresentam ou proporcionam resultados (desempenho), muitas vezes, condicionados ou levados ao “corredor” não por questões de cunho profissional, mas envoltos por um espectro pernicioso oriundo de desavenças pessoais e/ou políticas.
Talvez, o título (o corredor) desperte nos cinéfilos curiosidade, trazendo a dubiedade da perspectiva desportista ou da modalidade artística representada pelas películas de terror. Entendo, que estar no corredor apresenta esses dois vieses. O profissional que aí se encontra corre, corre, corre, porém não tem condições de sair do lugar, ou seja, as forças exógenas e endógenas por suposto, o repelem de volta ao lugar, impossibilitando produção ou visibilidade. Noutra perspectiva, assemelha-se a um filme de terror, na medida em que consequências negativas psicológicas, emocionais e até física, podem sobrevir sobre o “atleta”. Pois bem, dentro deste contexto a condução ao corredor produz três consequências funestas: 1º) invisibilidade profissional (expressão tomada de empréstimo a Luiz Eduardo Soares); 2ª) sobrecarga de setores/órgãos; 3º) ineficiência institucional.
Por óbvio que cada uma destas consequências ensejariam a construção de artigos autônomos, posto a profundidade destas no contexto atual. Assim, necessário repensar algumas condutas e critérios de mobilização e emprego de agentes policiais em suas instituições, no caso específico, na Polícia Militar, instituição de valor inestimável para a sociedade brasileira.
Por fim, convido-os a refletirmos sobre nosso desempenho profissional e se é possível fazer a diferença, mesmo encontrando-nos hoje ou amanhã, en los pasillos institucionales.